domingo, 30 de março de 2008

[3] Puerto Varas e arredores

No dia seguinte à subida ao vulcão deixei Pucon às 6:40 da manhã rumo a Puerto Varas. Dentro do ônibus conheci dois brasileiros que viajavam juntos: Neemias e André, ou Nemo e Bach. Começamos a conversar sobre inúmeros assuntos e eles, embora tivessem comprado passagem para Puerto Montt, resolveram também como eu parar em Puerto Varas. O curioso é que ambos identificaram através de uma inscrição em uma pasta minha a empresa que eu trabalhava que, a maior das coincidências, era a mesma que eles trabalhavam...e ainda mais, na mesma área de negócio da empresa, apesar de ser em cidades diferentes. Nemo nasceu em Macapá, morou a maior parte da vida dele em Juiz de Fora e agora mora em São José dos Campos, Bach nasceu e mora em Curitiba, ambos formados em Engenharia Química. Se não bastasse a coincidência com relação â empresa, o Nemo também havia estudado na Unicamp e morado na moradia estudantil, na mesma rua que eu, três casas adiante!

Como eram pessoas de muito boa índole, estabelecemos uma amizade instantânea e resolvemos ficar no mesmo hostal e fazer alguns passeios juntos. Encontramos uma hospedaria com bom custo/benefício justamente na rua Mirador, a 100 metros do mirante (mirador) para o vulcão Osorno, que é muito parecido com o vulcão japonês Monte Fuji . Tão logo nos livramos de nossas mochilas já estavamos admirando o belo e simétrico vulcão com o grande lago Llanquihue a seus pés, uma visão de tirar o fôlego e de espantar qualquer cansaço.

Puerto Varas, com suas casas de madeira inspiradas em arquitetura alemã, consequência da migração de alemães para a cidade, é realmente encantadora e nos conquistou de imediato. Um belo local para relaxar e repor as energias.

Decidimos nesse mesmo dia aproveitar a tarde e visitar a cidade de Frutillar, que fica a cerca de 30 minutos de Puerto Varas. Se Puerto Varas tem influência alemã, Frutillar parece ter sido recortada da própria Alemanha e encravada no Chile. Uma imensa avenida na parte baixa da cidade, às margens do lago Llanquihue, oferece um novo ângulo do vulcão Osorno. Entre a avenida e o lago há uma vegetação muito bem cuidada, com belas árvores e flores, possibilitando o registro de grandes fotografias. É possível ficar horas andando pela pacata avenida ao lado do lago com o respeitável vulcão ao fundo, parar mesmo só para experimentar uma torta em uma das docerias alemãs. Comemos um strudel, que é a base de maçãs, e uma à base de café, ambas muito boas. Não é a toa que os alemães são conhecidos, dentre outras coisas, pelos seus doces e pães.

Retornamos para Puerto Varas e acertamos o que faríamos no dia seguinte. Passamos no supermercado e compramos um vinho, água e comida para fechar o dia com chave de ouro.

No dia seguinte acordamos cedo e tomamos o ônibus para visitar as quedas de Petrohué e o Lago de Todos os Santos. Em meio a muitos chilenos nativos, alguns com seus filhos, e com um motorista meio maluco que andava a mais de 100 km por hora, rapidamente chegamos à nossa primeira parada, cerca de 55 km depois da cidade. Através de uma bem sinalizada trilha chegamos às quedas. O que chamou a atenção neste local foram as águas claríssimas, cor de esmeralda, que corriam em meio a pedras ao lado de uma vegetação com diferentes tons de verde. Ao fundo, mais uma vez, lá estava o vulcão com seu ápice coberto de neve. Ficamos um bom tempo por aí, fizemos uma pequena trilha, e pegamos novamente um micro-ônibus para continuar até o Lago de Todos os Santos, aonde também pretendíamos almoçar.

Eu disse bem, pretendíamos, pois não encontramos um restaurantezinho sequer, e já eram 14:00 hs. Resolvemos explorar o local e depois voltar para Puerto Varas para almoçar. Mais uma vez as paisagens que encontramos foram de deixar qualquer um boquiaberto. O dia estava estupendo, o céu completamente azul com o sol brilhando forte. O Lago de Todos os Santos com suas impressionantes águas esverdeadas pediam um passeio, e foi o que fizemos. Acertamos com um barqueiro um passeio de meia hora pelo lago. A natureza naquela região realmente era envolvente. E o vulcão Osorno? Continuava lá, onipresente. Parece que aonde quer que fôssemos na região estaríamos sempre sendo vigiados por ele. Creio até que se ele fosse uma pessoa, seria muito vaidoso, na sua existência possivelmente ele já tenha sido mais fotografado que a somatória de vários finitos famosos.

Voltamos para Puerto Varas e finalmente pudemos comer às 16:30 hs. Em um cruzamento, pedi uma dica para uma cidadã puertovarense de um restaurante não turístico, de um que eles próprios utilizassem. Ela indicou um a três quadras de onde estávamos, onde pudemos saciar nossa fome tão represada. Tenho que dizer que a dica havia sido ótima, minha merluza a marinera coberta com mariscos acompanhado de papas fritas estava muy rica!

Ajudei a convencer Nemo e Bach a irem a El Chaten e ao Parque Torres del Paine, porém seguiremos caminhos distintos e provavelmente não o faremos juntos. Enquanto eu irei a partir da vizinha Puerto Montt de navio para Puerto Natales na segunda-feira, Bach e Nemo partiram para Bariloche (Argentina) de ônibus no domingo de manhã, assim para marcar a nossa despedida da cidade compramos mais vinho e queijos!

No domingo estava só e o dia estava nublado. Com o vulcão encoberto, meu olhar teve que se direcionar para outros pontos de Puerto Varas, como por exemplo barquinhos no lago com as casa de arquitetura alemã ao fundo. Como a maioria dos restaurantes estavam fechados, fui ao supermercado para comprar uma lazanha congelada com a intenção de fazê-la no microondas do albergue. No entanto, ao ver uma linda costela de porco assada, ao lado de uma salada russa (espécie de batatas com maionese e outros ingredientes) mudei de idéia. Ah claro, a refeição seria acompanhada por vinho... Aliás já é hora de falar que se no Brasil os vinhos menos ruins custam a partir de R$15,00, no Chile já há vinhos muito bons por R$5,00.

P.S. Ainda falta dizer um pouquinho sobre Pucon. Enquanto eu preparava uma macarronada na cozinha rústica da Carmem, e ela fazia crochê, pudemos conversar bastante sobre vários assuntos. Através dela pude obter um outro ponto de vista sobre o Chile, não tenho certeza se este também é o correto. Ela me falou que a educação do Chile anda piorando, que a classe média está achatada, que muitas empresas chilenas foram entregues ao capital estranjeiro, que a qualidade de vida em Santiago caiu bastante (pessoas tendo que gastar muito tempo entre a casa e o trabalho, transporte público insuficiente, pessoas stressadas), que o Chile carece de uma identidade autêntica, e ainda que admira o Brasil e sua cultura. Falou ainda sobre muitas coisas, mas tenho que confessar que a minha impressão sobre um Chile com cidadãos com padrão de vida, na média, superior a da população de outros países da América Latina continua.

P.S. 2 Li em uma reportagem no periódico Llanquihue entitulada "Los sitios imperdibles de internet" onde recomendavam: 1)Para busca de imagens: www.picsearch.com e www.faganfinder.com/img ; 2)Para busca de música: www.songza.com ; 3)Para busca de vídeos: www.blinkx.com ; 4) Para busca de blogs: http://technorati.com

P.S. 3 Carros no Chile são cerca de 25% mais baratos que no Brasil

P.S. 4 Acho que o próximo texto, sobre a viagem de 4 dias de Navio até Puerto Natales, consigo postar lá pra quinta-feira a tarde, dia 3 de abril.

Um comentário:

Anônimo disse...

Boas companhias: Neemias e André, nomes bíblicos e muitas coincidências. Anjos existem? Eu creio que sim.

Abraços,